15.9.09
Concepção Ingênua
Todos os anos, nesta época, procuro levar meus alunos de 4ª série para vivenciar a experiência de viver momentos históricos já que é nesta série que eles estudam mais a fundo a história do RS no Parque da Harmonia. Afinal é o mês do Gaúcho e como é rica esta visita ao Parque.
Já estavamos estudando a história do RS desde o início do ano, por isso lá fica muito melhor mostrar esta histórias de várias formas, objetos de uso das estâncias, da vida no campo e a diversidade cultural que temos no nosso Estado. Tivemos um almoço típico gaúcho, inclusive com feijão tropeiro. Ao retornar as aulas, busquei fazer com que os alunos relatassem a experiência e trouxessem para o grupo seu aprendizado e suas dúvidas. Entramos então na questão da origem do feijão tropeiro e a cada palavra diferente de seus conhecimento, fazia com que os alunos me dissessem o que eles achavam que significava as palavras trazidas para o grupo. Foi muito interessante porque a associação que eles faziam a cada palavra era de suas vivências, de seus conhecimentos prévios. Vou utilizar apenas dois exemplos que achei muito interessantes: 1. Associaram tropeiro a tropeço, depois de muito explorar a questão chegamos aos tropeiros. Só que para chegar até os tropeiros, passamos pelas Missões Jesuíticas, o gado deixado solto pelos índios após a Guerra Guaranítica, a formação das Vacarias e finalmente falamos sobre a viagem dos tropeiros para levar o gado para comercializar na região sudeste. Neste momento, lancei a seguinte pergunta: - Como vocês acham que o gado ia para a região sudeste? Foi muito interessante que um lançava a idéia de que iam de caminhão, outro dizia que não, porque não existia o mesmo naquela época, afinal tinham visto carroças no parque, surgiu a idéia de navio, mas outro também achou que não era possível. Até que chegaram a conclusão que seria por terra acompanhados por peões. Neste momento um aluno lembrou que tinha visto no parque um reboque especial para carregar cavalos e disse que o peão colocava o cavalo neste reboque e colocava a "canga" nas costas e levava o mesmo a pé até o seu destino. Os alunos pararam e se olharam em dúvida, neste momento perguntei quem achava que era assim e eles ficaram na dúvida, fiquei impressionada com isso porque para mim com o que já vivenciei, me pareceu algo muito absurdo mas agora lendo o texto de Costa e Magdalena, disposto pelo Seminário Integrador percebo que "As teorias que as crianças formulam sobre o mundo, mesmo quando certas ou erradas, não se constroem ao acaso. Muitas vezes são idéias lógicas e racionais, baseadas na evidência e na experiência. A experiência pode não ser profunda ou suficientemente extensa, a potencialidade do pensamento delas pode ser insuficiente para formular o que nós chamamos de um teoria científica, mas o processo pelo qual as crianças formulam estas idéias é muito semelhante ao processo científico.
Estas idéias precoces que as crianças têm são chamadas de crenças; concepções ingênuas; concepções alternativas ou pré-conceitos, mas são, antes de tudo, concepções laboriosamente formuladas por elas e que devem ser consideradas quando chegam à escola." E a concepção ingênua deste aluno se formulou à partir sua experiência que se construiu na sua visita ao Parque e para ele o seu raciocínio era lógico e racional.
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